Os Sambaquis

Quando os portugueses e espanhois chegaram no litoral brasileiro depararam-se com um grande número de indígenas do tronco linguístico Tupi Guarani, que no litoral catarinense eram conhecidos como “Carijós” ou “Carios”. Porém, este grupo não foi o primeiro a habitar o litoral sulbrasileiro. A primeira população é conhecida pela denominação de “sambaquiana”, em referência aos seus locais de habitação (os sambaquis). Outro nome empregado para estas populações é “pescadores-caçadores-coletores”, fazendo alusão as atividades cotidianas de seus indivíduos.

Os sambaquis são sítios arqueológicos que apresentam vestígios culturais em meio a camadas com alta densidade de conchas, trazidas pelas populações pescadoras, caçadoras e coletoras. São constituídos por restos de animais, sepultamentos humanos, artefatos, fogueiras e outros restos de atividades humanas. Por sua multifuncionalidade, não podem ser classificados somente como sítios de habitação ou funerário.

O tamanho também é variável, podendo serem rasos ou chegando à vários metros de altura. Uma das melhores e mais completas definições para este tipo de sítio arqueológico foi formulada por Mário Sérgio de Oliveira: Sambaqui é um tipo de sítio arqueológico que apresenta formas e dimensões, geralmente colinares e com destaque nas planícies costeiras, edificado intencionalmente através de técnicas específicas que incluíam o uso intensivo principal de conchas de moluscos para a formação de aterros, resultando em um espaço multifuncional, associado à moradia, à acumulação de restos faunísticos e à demarcação territorial, além da simultânea função de enterramento dos mortos.

O sambaqui integrava a organização social de uma sociedade de pescadores, coletores e caçadores pré-cerâmicos que entre 6.000 e 1.000 anos AP aproximadamente dominavam os ambientes litorâneos e estuarinos, que constituíam paisagem de uma sociedade com identidade própria, cuja cultura material (incluindo os sítios arqueológicos), constitui-se herança a ser pesquisada, divulgada e preservada.

Fonte: corpalavra.blogspot.